Lapso do cálculo atual

Quando eu fechei meus olhos e quis estar no futuro foi com fé, quando eu digo todos os dias que não me importa se você vai estar comigo daqui a dez minutos é com sinceridade. Já vacilei duas vezes em te subestimar, mas me perdoa porque não é por querer. Eu não estou a danificar todos os meus círculos com a minha consciência, parece bobagem, mas talvez... Mas talvez seja. Ontem eu descobri que todas as vezes que eu brinco de encenar, não é puro passatempo, mas, sim, uma fuga da realidade que me espanca. Quando ontem veio lembranças de oitocentos anos atrás, eu me afoguei nelas, eu as engoli com lágrimas e me faltou o ar, mas não é por querer, não é mania, eu não estou sendo rebelde para aparecer, como você pode notar (nesse caso, ninguém está notando) é em silêncio que eu fecho a porta, é em silêncio que eu abraço minhas pernas, mas é o maior barulho do mundo dentro dos meus órgãos. Eu não quero o impossível, não tô pedindo nem para me apaixonar por uma pessoa, na realidade, eu quase não quero nada, e então, eu concluo, não querer nada é sinônimo de tristeza. O freio quebrou, me perdoem. Isso já aconteceu outras vezes e quando eu chegava no ponto mais alto a situação se estabilizava. No ponto crucial de agonia, tudo ficava constante. Julho de 2007. Novembro de 2008. Dezembro de 2009. Abril de 2010. Junho de 2011. Janeiro de 2012. Tudo relativizado às circunstâncias de cada tempo, óbvio, tristeza não tem escala definida no Sistema Internacional de medidas, portanto, não dá para comparar nem converter. Parecia que eu não aguentaria um milímetro a mais, mas esse milímetro nunca veio, pelo contrário, depois de um certo tempo de fraca respiração, a pressão começou a aumentar e o ar começou a ficar mais disponível e, então, tudo foi melhorando até que por fim, melhorou. Creio que, novamente, eu esteja chegando no ponto mais alto desse novo morro, só não sei se vou ter sorte mais uma vez.


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