Se a vida é tão simples, por que eu tenho tanto medo?

Lembro de que quando eu tinha 14 era difícil conversar. Com 16, mais ainda. No primeiro caso citado, eu simplesmente era confusa demais, mas no fundo sabia que era desnecessário uma conversa para uma tristeza tão infantil. No segundo, crises de adolescência. Fase. Que passou.
Passou em partes. Ficamos feridas cada uma ao seu modo. Hoje, aos 19, o choro é tão desesperador que sinto uma necessidade imensa de sentar contigo e te explicar tudo só para que eu tente ser salva (por você).
Mas não consigo. Quando te ouço abrir a porta, corro até o banheiro, limpo as lágrimas pretas (tingidas de maquiagem) e espanto aos gritos a postura de mal-estar. Detestaria ter que te explicar. Ao mesmo tempo em que eu tanto quero tua ajuda. E quando você me pergunta se algo está acontecendo, se eu estava chorando (tão notável que sim), eu só consigo responder de uma forma que aparenta o reverso da minha intenção, de uma forma derivada talvez dos 14 e dos 16, de uma forma cheia de cicatrizes que consegue refletir todo o passado, exceto o presente, exceto o real, exceto a parte que se tu ouvisses pelo que e o quanto eu sou triste hoje em dia, tu me abraçarias e me pediria para ter calma ou para parar de ser tão dura comigo mesma.
Hoje em dia eu choro pelo mesmo motivo que chorei aos 9 e imagino que os adultos daquele tempo diriam a mesma coisa hoje: que eu tenho razão em chorar, que eu tenho razão em me preocupar... Que eu tenho razão em morrer.
Mas tu que tens meu sangue não diria isso. Diria?
Ou eu sou adulta chorando por motivos infantis ou sou uma criança correndo para o lado errado.
 De qualquer forma, quando tu tentas me ajudar ou me ouvir eu só respondo de forma grossa: NÃO É NADA.

Nada!


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