Não era amor.

Era irritante esperar o ápice da madrugada para poder te ver entrando por aquela porta, mas nada no mundo confortava mais que seu sorriso de "desculpa, mas cheguei". Seu passar pela porta era meu passar pro paraíso. Bobo e doce, mas real. 
Lembro daquela blusa preta você vestia que eu poderia passar o resto dos tempos com a bochecha encostada, sentindo o seu cheiro. Podia ser aquela verde também... Eu ainda prefiro a preta, mas desde que fosse você, nem blusa precisaria ter. 
Era horrível ter que acordar pra ir ver aula depois de ter dormido só por uma ou meia hora, mas era bom porque a causa era você. 
Nos conhecemos por uma amiga em comum que não era nem minha amiga e muito menos sua... A nossa ironia e nosso humor nos juntou e viramos, praticamente, melhores amigos das noites. Você em Miami, eu em Natal. Você dançando funk em vídeos que me enviava... Sua ex neurótica, meu "amorzinho" sem noção e nossas risadas. Nossas risadas que dá pra ouvir até hoje. 
Você beijando a minha testa e dizendo que nunca iria sair de perto de mim. Sempre seria amor, mesmo que mudasse. Seis meses depois, 11 de julho do ano x (sei, mas não cito), o que eu mais poderia dizer além de um sim? Apenas sim. Você era a força, a firmeza necessária para o meu equilíbrio que nunca encontrei antes (nem depois) e, ainda assim, era todo o amor, todo o doce necessário, era a medida certa, a exatidão. 
Era você na Itália e eu em casa, era você no Vôlei e eu na plateia, era eu em um show e você me esperando em casa. A gente dançando valsa em uma sala separa apenas por uma parede de onde todos dançavam em um ritmo frenético.
Era tudo, nunca foi nada. 
Seu cheiro com ou sem perfume, seu cuidado comigo de gente grande, sua dependência de mim como de um animal de estimação. 
O meu medo de estragar tudo com o fogo. 
A nossa queima. 
A nossa reintegração. 
Seus olhos claros. Meu conforto emocional, meu calor necessário à vida... 
Meu "até mais", meu precipício, minha morte e assim te perdi: me matando. 
Depois que ressuscitei, achei que tu também tivesse morrido. Três anos esperando te ver em alguma estrela, e, do nada, você em um sms, voltando de uma abdução. 
Não era amor, ainda é.
Ainda é.


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