Essa coisa me cega

Eu já não ligo se o dia clareou, minha cama me espera, eu já não sei mais quem sou.

Eu esperava um empurrão e ganhei uma mão me convidando para pular “junto”. Ninguém pula por vontade própria quando já sabe como é cair. Não sei se quando você perdeu o equilíbrio a minha mão estava na sua, não sei se posso me responsabilizar por esse seu momento de queda livre porque eu nunca responsabilizei ninguém pelas minhas quedas nem pelas alheias. Eu deveria sentir muito? Sentir eu sinto, para o alívio da humanidade, mas não muito. Vai conseguir me desculpar um dia? Vai doer mais ainda se eu disser que eu não tenho a intenção de pedir desculpas já que não me considero culpada? Ouço tilintes aqui pelo chão, como te falei antes: eu esperava muito mais do que apenas outra coroa, no entanto, agora só volto ao início de como sempre pensei, mas sei que todo mundo, vez ou outra, também pensa: eu nasci apenas para mim. De um jeito mais adolescente e infeliz: nasci para ficar só. E a pior coisa que eu vou te dizer de todas essas linhas: não me sinto mal por isso. Eu não queria ser quem vai te deixar uma cicatriz. Eu nunca quis. Mas quem é que quer? Será que existem pessoas por aí que ao se apaixonar por um olhar (ou um queixo), já calcula o “é essa pessoa que eu escolho para fazer mal”, existe? Não, cara, não.


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