Did they get you to trade your heroes for ghosts?



Quando você me disse com uma voz automatizada a fazer silêncio (já que não existe) que eu fui moldada na técnica, que a minha linguagem tornou-se quase computadorizada eu não pensei em nada além de "mais uma elevação, que saco!"
Quando, com a mesma voz que descrevi, você rezou no meu ouvido para que a noite fosse boa, eu rezei também, mas respondi do meu altar:
- Todas as noites são boas, as pessoas é que mudam.
E você me olhou lá de baixo.
Na verdade, no momento, você é o único que desfila nessa atmosfera de poder comigo, segurando na minha mão. Níveis iguais. Esnobando os olhares que só nos alcançam com levantares de queixo.
Entretanto... Você não está aqui. Ainda não, pelo menos. No fundo mesmo, não sei se quero que chegue alguma hora.
Agora, explicando porque eu só consigo te olhar inclinando o queixo um pouco pra baixo, tudo fará sentido:
Essas malditas noites e essas débeis pessoas.
Não.
As noites são perfeitas. As noites sempre são perfeitas. As pessoas é que são malditas, coitadas... Cansativas e problemáticas. Precisam chorar e obrigam-se a rir... Aí ferem as noites que são fracas, em parte, pois são relativas.
Eu, por exemplo, só me confundo com ela, não sei se sou falta de luz, frio, imensidão ou apenas o intervalo para algo bem mais bonito porque é brilhante, mas que queima e incomoda. As noites são sempre as noites.
Vocês é que não.
As outras coisas, todas as outras coisas que se forçam a querer que a noite seja a diversão, acabam por ser a sardinha que me faz mal.
Aí eu vomito e fico bem.
Esse abuso que vocês tomam em mãos acaba por admitir o afastamento de todos vocês para um parquinho mais divertido, para alguém mais idiota, para qualquer coisa extremamente intensa, no entanto, momentânea, que mesmo que não entendam vocês e que não escutem mil segundos por minuto, lhe causarão aqueles três segundos de paraíso ou todo o percurso que se anda para chegar neles - porque muitas vezes vocês nem chegam.
Eu não vou sentir muito quando todas as testas se arranharem contra o murinho aí na frente. Eu não vou conseguir.
Todo esse vômito é só questão de "caramba, mais um punhado de farinha branca (não existe de outra cor?)." É só isso mesmo.
Agora, vocês me permitindo ou não, vou embora mais uma vez.
De algum lugar, algum dia, a ida será definitiva.
No entanto, sei que não é agora.
E isso é bom.
Eu usei a palavra "bom".
Bom.


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