Derretendo geleiras nessa madrugada

Eu te conheci, depois te conheci um pouco mais ao mesmo tempo que brincava de casamento com outro menino por aí. Ainda somos crianças, admitamos! Depois do divorciozinho, foi permitido da sua parte para mim e da minha parte para você um pouco mais de conhecimento e de participação na rotina. Nos conhecemos de uma forma considerável. Devo admitir que de tudo que você sabe de mim, 60% seria muito. Mas ultrapassando os cinquenta já está de ótimo tamanho. 
Pois bem, depois do nosso faz-de-conta-que-eu-me-apresento, você arrumou as malas e balançou a mão, pronto, fui brincar de noiva em outra igreja, mas, como para Beatrix (a noiva) existiu um Bill, para mim também existiu, só que no meu caso eu era a noiva, a mamba negra (mamãe não, isso eu não sou) e o próprio Bill. Isso mesmo, eu planejei a minha própria desgraça (como sempre), mas só para parecer que eu estava sendo a vítima, nos bastidores eu só lidei com o tédio. 
Você voltou, mas eu já tinha cansado de brincar com você. 
Hoje, ao te ver fumando, aconteceu aquilo que sempre acontece quando você deseja que alguém durma na mesma cama que você por aquela noite, não dá para explicar em palavras, mas todos conhecem a sensação. 
Outra coisa que não consigo explicar é o quão tentador é o cigarro na boca certa e na mão certa. Ainda bem que não me acho sexy, assim não terei câncer (pelo menos não derivado da nicotina).
Já passaram algumas horas e congelei a imagem de você fumando a alguns metros de mim, sem me ver. Eu só estou aqui à espera da vontade passar, preciso dar um tempo para ver se é uma vontade real ou coisa de momento. Sou tão íntegra que quero ver se é real o que eu sinto (mesmo que seja só vontade), pois tem altas chances de não ser, e a última coisa que eu quero no mundo é uma fila com uma placa "machucados por mim".


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