A minha bondade é você

No êxito de uma perfeita conclusão, você aparece como probabilidade de 50%. Cinquenta em porcentagem é ao mesmo tempo tudo e nada porque ao mesmo tempo que tem todas as ferramentas para ser, tem todas as desconhecidas ainda. O que é que eu sei? A cor da sua pele a dois metros de mim. Sei lá a textura, sei lá a altura do precipício do seu olhar.
Sabe essa noite? Sonhei com você. Obviamente, com alguém para atrapalhar.
Não quero destruir seu planeta, não desejo ser mais um furacão. Eu posso destruir cidades alheias, mas eu fico vazia depois de derrubar tudo, não fico ferida, mas também não trago nada de bom e acaba por ser só mais tempo perdido, corridas em vão.
Eu não quero afetar seu mundo e não acrescentar nada no meu e é por isso que eu te peço mais uma vez: só venha se for para morar.
Também nem te peço a eternidade, mas pelo menos um contrato de aluguel. Um tempo considerável para me ferir. Eu quero que, se você vier, seja para me machucar, me empurrar montanha a baixo, me deixar no chão quando for embora ou apenas respirando fundo cada vez que lembrar ou ouvir seu nome depois do seu adeus.
Mas você pode ficar, também. Embora eu não acredite muito, a gente pode ser feliz. Sim, eu deixo.
Mas se for apenas um passeio rápido ou uma destruição sua, fique por aí. Se for para ser assim, que continuemos nos vendo apenas nas paredes das minha pálpebras mesmo com alguém para atrapalhar, eu consigo ver seu sorriso e minha queda dentro dos seus olhos. Só assim, eu não te destruo.


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