Burrice a dois


A imbecilidade de você me deixar ir e de eu não fazer nada para que você fique

Não foi a minha, as dele, a sua... Talvez, em última análise, não seja nem você. O que me inquieta, o que tirou meu sono na noite anterior foi essa humanização a que eu me submeto em esperar ligações, sinais, sorrisos e, simplesmente, essa submissão à espera.
 Veja, como eu nunca liguei para ninguém, não era para você que eu ia ligar. Aí preferi observar você bailando por mais de quarenta e oito horas sem intervalo em minha mente, me machucando com seus próprios pés... Eu preferi isso a uma simples ligação. 
Aí você ligou, do nada, na hora em que eu estava ocupada, mas ainda assim eu atendi, como eu te atendo até às cinco da manhã e pelo mesmo motivo: por ser você. 
Aí a gente se vê, aí eu devolvo o que era seu que estava comigo, e, agora, já não me resta mais nada para pensar que possamos nos ver mais uma vez para, pelo menos, sorrir. 
Sabe, eu não entendo você, eu não sei o que você quer, o que você é, quem você é, eu não sei. Eu. Não. Sei. E por mais que eu tenha vindo aqui outra vez dizer que acabou, eu continuo escrevendo... Porém, está cada vez mais difícil porque a cada hora o que eu sinto vai ficando cada vez menos compreensível: eu não quero que você fique por mim, queria que ficasse por você, mas você não pode ficar por você e eu não quero que você vá. Não quero.
Mas também não quero acordar do seu lado, não quero nomear você de "meu amor", não quero pensar em você amanhã, eu não quero é nada, e, ao mesmo tempo, eu só queria que você estivesse conversando comigo aqui do meu lado, que não tivesse deixado eu vir para casa, que eu não precisasse estar preenchendo essa página do Word porque você não está. 
Você não está e parece ir embora cada vez mais. 
Eu não vou te ligar, vou tentar não te atender. Eu não quero querer você. Eu não vou me deixar querer você. Idiota! 


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