Por que raios eu criaria você?

Como eu poderia te criar? Por que eu ousaria te imaginar, te idealizar de acordo com tudo que já tenho salvo do que seja dignidade, do que tenha como consequência a minha fixação, do que possa me ter, do que possa me manter, do que possa me capturar para sempre e me reconquistar toda manhã, ou toda tarde, dependendo de quando eu for acordar, por quê? Eu jamais poderia fazer você existir porque caso 1: se fosse apenas em mente, eu morreria socialmente. Caso 2: se, por mágica, eu te achasse, tu tornaria-se previsível por ser um personagem de minha própria autoria. Caso 3: na mais improvável possibilidade, tudo que eu quisesse somado a sua imprevisibilidade seria minha ruína... Tu serias tudo. E eu, nada.


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