- Então, o que tens para dizer-me?
Vasculhei cada quina da minha mente, cada dobra, salas, portas, janelas: nada. Não havia nada para falar e, passados alguns cinco segundos, era visível que eu não teria resposta. Talvez uma inventada, mas, devido a demora, muito mal elaborada e pouquíssimo convincente. Pura perda de tempo. É inevitável que quando mais nos obrigamos a pensar nosso pensamento atinja sua velocidade máxima de fuga do nosso controle. E foge mesmo, quase sempre.
- O que eu poderia lhe dizer?
- Nada. Esse era o propósito.
Não entendia o sentido daquilo. Eu sequer podia ver um rosto, não sei nem se realmente estava ouvindo alguma voz. Provavelmente todo o barulho que existia era o de alguma banda norte-americana.
Encenando diálogos que nunca aconteceriam, imaginando cenas apenas imagináveis e vivendo apenas para respirar.
Sem entender nada, nunca.