Pensando ao contrário

Diga-me, então, o que vale mais: pular em um abismo de um escuro total ou pedir uma dose eficiente de luz antes se, de qualquer forma, você vai ter que ir? 
Então é mais "benéfico" cair no chão que se conhece? 
É inacreditável que os, ou alguns, objetos da minha estante mudem de formato quase todas as vezes que vou olhá-los. Claro que, se estão na estante, só os olho de século em século. Mas são os mesmos... Sem serem! 
E fico me perguntando em que dia eles mudaram e o porquê, a finalidade... E tudo. De repente, o quase sem preço passa a não ter mais preço, não ao ponto de eu dá-lo de graça e sim ao de eu não entregar sob nenhuma circunstância. 
Assustada, a tendência das minhas pernas é sempre irem na direção contrária da porra da estante. Deve ser por isso que eu demoro tanto a analisá-la outra vez. É estranho analisar objetos, é muito ruim somar consequências e remediações sem, sequer, tocar no objeto, seja para limpá-lo, seja para jogá-lo no lixo, seja para servir de amuleto por uns tempos.
E o mais hipócrita que escorre dos meus dedos nessas horas é que minhas metáforas um dia enganarão a mim mesma, porque enquanto eu ando comparando tanto assim, alguma hora eu passo a achar que estou falando de objetos mesmo. De repente eu pego um vaso caríssimo e jogo na parede só por diversão, depois os cacos me cortam e, para todos, é mais assustador um sangue escorrendo do que uma atirada não vista. Aí eu tento ser eu, me contentar em viver sem objetos, mas nesses tempos... A memória falha de vez em quando e de repente você está lá mirando a estante...
Então, vamos, por favor, calar a boca, fechar os olhos e apagar as luzes?