Um dilema que nem o cinema sabe resolver

Como se ela pudesse renascer na hora que decidisse. Como se o mundo fosse um quadro no qual ela mesma era quem pintava. Alguns dias tinha uma compulsão significativa de que todos deveriam vê-la, notá-la, desviar os olhos, mesmo que por poucos segundos, para alguma parte do seu corpo. Não pedia em silêncio por sorrisos, nem elogios, qualquer olhar bastava. Um olhar de cada ser humano que cruzasse seu caminho. Porém, em outros dias, queria ser mais invisível que o ar, não por tristeza, nem por dor alguma (e não porque ela não soubesse o que era não estar bem, porque mil vezes ele não estivera), mas por simples falta de vontade de existir para os outros. Existir para si, em alguns dias, era tão suficiente que ela não fazia a mínima questão de cruzar com o olhar de ninguém. Passava corretivo em todas as pessoas e o silêncio bastava. Tão extremista. Tão  humana. Tão igual. Absolutamente igual. Ou só quase.