Mantenho-me presa mesmo sem ter uma corrente sequer. Permaneço triste mesmo sem motivos, mesmo com os pés no chão da realidade, mesmo sabendo que o que eu quero não irá acontecer - deve ser justamente nessa parte onde entra o erro: eu fico com medo de pensar que as coisas não dão certo porque eu e o mundo pensamos que não darão. Aí eu começo a pensar que pode acontecer porque algo me diz que pensamentos positivos atraem a realidade positiva. Mas eu fico presa num gigantesco paradoxo: a todos eu digo saber que não acontecerá conforme acham que eu quero e ainda digo que estão errados em achar que eu quero, talvez só pra não estender a conversa e acabar chegando ao ponto onde me torno uma pessoa que explicita a queda do seu QI, e por dentro eu fico: "vai dar certo, sim, vai dar..." por cima de um "nunca dará" - aí eu continuo sentada só racionalizando, me tornando cada vez mais humana, me sentindo cada vez mais corrompida, e em alguns pontos de luz quando consigo sair desse local de tensão, eu só consigo ter uma atitude em relação à situação citada: rir. Rir muito. Rir até me sentir mal e voltar pro ponto inicial dessa besteira toda que é melhor que nada. Ou melhor que tudo que eu já tive. Ou no fundo, não é absolutamente nada e eu intensifiquei só pra ter o que fazer, mas, à essa altura do caminho, como eu posso saber por que eu vim parar aqui? Só se sabe no final, não dizem assim? Então vamos esperar o tal final. Esperar, pensar, perder tempo: não é assim que todos fazem? Vamos ver se eu também sei fazer, afinal, eu também sou humana, não? É claro que sim, mesmo que doa, mesmo que eu não queira, mesmo que eu viva contrariando essa hipótese. Eu sou tão estúpida quanto você, tão dezoito anos quanto noventa por cento dos dezoito anos. Vou me excluir disso por quê? Tem como? Não. Vou ficar pensando em alguém no meio do sonho só pra ver se sonho com esse alguém e não vou ficar feliz de sonhar com quem sonha comigo. Complicação a toa? Imagina, isso não é nada perto do que é a vida. O que é a vida? Oi?