Dezoito

É meio estranho que os primeiros quarenta minutos com dezoito anos eu estivesse lendo sobre tecido epitelial. Ok, é muito estranho. Mas não tão estranho a ponto de eu ficar cismada ou, no mínimo, estranha. 
Então... Chegou! O dia. Tipo... O dia! É, chegou. 
Comecei a contar o tanto de dias que faltavam quando eu ainda tinha 13 anos. Contei sozinha. Contei com alguém que amei. Contei com amigos. E contei sozinha de novo. E depois parei de contar. E ontem nem me liguei tanto que faltava só um dia. Pois é, ontem eu tava  à toa. Tava. 
E quais eram meus planos mesmo? Morar só, né? Morei já. Já nem desejo tanto assim. Não como principal. Que mais? Ah, aquele namoro que daria certo nessa idade, né? Não deu. Perdeu-se faz tempo. Perdeu-se pra sempre. É... Mas e o que foi que sobrou mesmo? Cara, sinceramente,acho que só sobrou eu mesma. Eu mesma desejando passar na porra de um vestibular que é daqui à sete meses. Só. O resto? Sei lá se tem resto. Tanto faz. 
Ainda tem o medo também: sempre tive medo de morrer nessa idade, exatamente no dia ou então qualquer dia, desde que eu tivesse dezoito, então acredito que todos os dias eu vou acordar achando que eu vou morrer, isso é, se eu acordar amanhã. 
Eu esperava tanto, eu contava tanto... Eu enlouquecia tanto... Mas no fundo eu sabia que não ia ter nada de anormal, nada. E não tem. Só tem eu. 
Graças a Deus tem eu, me amando mais do que nunca, tendo orgulho de mim mesma mais do que qualquer outra pessoa do mundo poderia ter um dia (de mim), e me dando todas as fichas de apostas possíveis, porque sim, hoje eu aposto em mim, só em mim. 
E é estranho que eu não queira tanta coisa. 
E é bom correr atrás do pouco que quero. 
A primeira pessoa a conversar comigo eu tendo dezoito anos já é um grande presente e eu não quero mais nenhum. Hoje não. 
Agora é do zero. De novo. Ou melhor: dos dezoito, apenas.
Então é isso: tô com dezoito e tô feliz. Parabéns, pequena!



Puta que pariu, eu tenho dezoito anos! É SÉRIO?


 Minha última foto bebê porque agora sou adulta, ok? Adiós!