Tu, eu e meus sapatos.


A escrita me transporta. Digo, quando escrevo vou para outro lugar.

Outro mundo, outro tempo, outra história. Só não permaneço aqui, onde toda equação tem uma resposta, toda cor tem um nome e cada minuto tem sessenta segundos.

Simplesmente vou, sem destino ou hora marcada. É uma viagem de última hora em que tu nunca te atrasas. E meus caminhos preenchem todas estas linhas que teus olhos ansiosos percorrem procurando por algo. Sei disso porque por muito tempo os meus olhos percorreram também. Em outros mundos, tempos, histórias, que não as minhas.

Aí eu decidi calçar meus sapatos e caminhar com meus próprios pés, pisando fundo para que tu pudesses me encontrar. O problema é que a maré insistia em apagar todos os meus rastros.

Decidi tirar os sapatos(eles já estavam apertados), e enfrentar a maré para que eu pudesse te encontrar. O problema é que o sol insistia em dar lugar à lua e interromper minha busca.

Decidi criar asas e voar, para poder enfrentar o sol e ver o que havia de errado com a lua. O problema é que cheguei perto demais para as asas que carregava comigo.

Caí.

Caindo te encontrei, bem quando fechei os olhos. E descobri que tu sempre estivera ali, dentro de mim. O problema é que te encontrando não havia mais sentido em procurar, e aí decidi ir atrás dos meus sapatos. 
 
 
Luann Silva

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