Tez

Parece haver alguma dificuldade na diferenciação do que somos e do que não, de onde nos mostramos de alma e onde apenas com tez.

Tez é uma palavra engraçada que está presente em uma música que gosto muito e que alguém que sempre gostei muito perguntou quem fala isso. Não sei quem sou porque há alguns (já muitos?) meses tudo que faço parece não fazer parte do que sempre fui. O que eu sempre fui? E quando iniciou esse sempre? E o que exatamente eu sempre fiz? Não sei. Esqueci? Nunca soube?

Há uma condenação mental antiga minha de insultar minha manifestação exacerbada de interesse e desejo em alguns momentos antigos que ficaram eternamente em neon na história.

(Queria, aqui, deixar em parênteses que esses neons voltaram a acender com outras palavras, o que eu julgava ser realmente impossível e que isso mudou minha vida inteira, graças a Deus. Mudou minha vida antes do acontecido e minha vida do futuro, aquela que nem tenho acesso daqui... Como no filme A Chegada... tudo ao mesmo tempo por uma nova forma de raciocinar que muda, inclusive, o tempo. Mudei meu tempo.)
Voltando, essa condenação não prescreveu; parece, ainda, que só atinjo se não me mover. Parece, ainda, que ao me movimentar, perco o chão. Que a base e o caminho só existem em um profundo estado de paralisação. Que, de alguma forma, só há colisão se o raio cair sobre mim. Como é que um raio vai cair sobre mim tantas vezes numa só vida? Ou seja, não há cenário para explosões então? 
Andando ainda mais casas para trás: parece muito que alguma coisa não está certa (aliás, que está muito errada) porque minhas células ficam bagunçadas, funcionando de forma vacilante, causando incômodo físico; como é possível ir parar num lugar bom com o peito tão dolorido? Eu disse em voz alta que meu corpo estava me avisando que tinha algo errado, que a direção estava errada e aí sento e avalio a situação: parece que é por estar me movendo rápido demais, como falei há pouco tempo: sem pisar no freio. 
Ao mesmo tempo de toda essa bagunça, também já não me reconheço no banho maria, no inalcançável, no misterioso, no indisponível.
Pessoas que sempre gostei muito talvez eu já não goste mais e pessoas que nem conheço parece que nunca deixei de gostar... O que parece loucura, mas sei que no fundo todas essas pessoas são apenas eu mesma e não sei pra onde me levarei porque não parece haver nenhuma rua segura para seguir em frente. Mas será que preciso de segurança? Será que não é do outro lado desse beco tão escuro que tem uma versão atualizada e feliz de mim? 
A sensação é que me desconheci completamente e não sei onde estou e nem o que fazer para me buscar ou, enfim, me achar. 

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